sábado, 25 de outubro de 2014

Sobre toda a maturidade dos meus sonhos.

Desde muito criança, uma das frases que eu mais escutava era “Nunca desista dos seus sonhos!”. E quando não esta, era alguma outra de igual significado.  A mensagem sempre foi clara e focada em uma palavra: fé. Fé em algo maior, fé em si próprio, fé no futuro, fé na humanidade. Fé!

Os anos se passaram e esse tipo de pensamento nunca me abandonou. Algumas - muitas! - vezes me dei mal pensando no melhor das pessoas, das situações e até de mim mesma;  nada mudou. E por mais presente que fosse  em minha vida, ninguém jamais me disse para nunca desistir dos meus sonhos. Talvez se estes fossem simples idealizações ou platônicos amores, eu aceitaria, mas não são! Tenho sonhos adolescentes que no decorrer da minha vida adulta foram se expandindo até se formarem realizáveis. Fáceis? Não, dificilmente algo bom pode ser definido como “fácil”. No hoje, meus sonhos chamam-se "metas".

Recentemente, pedaços de minha alma vêm sendo arrancados de forma proporcional às vezes em que ouvi me pedirem para abandonar meus sonhos. E até perde-lo, eu realmente nunca parei para perceber o quanto esse positivismo sempre me pertenceu. A gente realmente só dá valor a algo quando o perdemos, e sempre estamos correndo o risco de perder algumas coisas. Inclusive, se em algum dia eu já fui mais que uma escritora auto-idealizada, também perdi isso por aí.  É meio triste a forma efêmera que certas coisas adquirem antes mesmo de partirem.

Diante de tantas perdas, esse tipo de pensamento encrustrou em minha cabeça, de uma maneira que me fez relacionar essa triste epifania com tudo que a vida vem colocando em meu caminho. As canções de amor e atenção em excesso dedicadas ao garoto, o carinho de mãe, a cachaça com Coca-cola do final de semana, a roda de violão com os amigos; tudo isso é resultado de fases em que outrora as coisas pareciam mais corretas. E assim como um dia essa fase chegou, um dia ela precisa acabar. Me fez feliz por tempo suficiente para descobrir que tratava-se de uma missão sem propósito; um planeta gasoso sobre o qual eu não poderia pousar.

Felizes os ingênuos, os burros e os filhos-da-puta.
Infeliz de mim, que sou amaldiçoada com a doença dos anos, que só penso em pensar.

Ontem, entre cada novo gole da tão bem vinda cachaça comecei a perceber o peso da idade enquanto sentia a presença de cada vez mais pensamentos os quais eu não posso – ou não consigo – dar vazão. Sempre tive a facilidade de traduzí-los em parágrafos, mas esse artesanato leva tempo, é cansativo e, certas vezes, quando finalmente deglutimos um assunto, já somos atropelados pela urgência de uma vida que somos obrigados a viver. A vida passa fulminante enquanto escrevemos sentindo e avaliando o peso de cada palavra. Porém, escrever aqui foi o que me impediu de fechar os olhos para a luz. Esbravejar por escrito – mesmo com a consciência que alguém sequer lerá – é confortante, justamente quando não me serviam mais as opiniões sensatas.

Digo isso porque, afinal, a gente sempre sabe quando tá fazendo merda.

Na verdade, compactuo com a hipótese de que, se não exercermos controle firme sobre nossos pensamentos e atitudes, transformamo-nos em nada mais do que o lodo do lodo. Descobrir-se imperfeito, defeituoso e incapaz (e escrever sobre isso) é o que me impede de desmoronar. Essa obra inacabada que todos somos precisa de andaimes, estacas e apoios para se manter de pé. Família, amigos, músicas, drogas… usamos o que temos ao nosso alcance, embora saibamos que jamais estaremos prontos. Jamais.

Viver é perigoso. O mundo é veloz, cruel e cheio de arestas.
Abandonar seus sonhos não vai mudar sua realidade. Lutar por eles, sim.


“Milagres acontecem quando a gente vai à luta!”.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Sobre toda a minha inspiração e (falsa noção de) liberdade


O ano passou, eu quebrei a cara algumas muitas vezes e por fim tudo aparentemente se arranjou. Era “Nikki”: uma obsessão tão imensa que me erguia na mesma proporção que me afundava em delírios. Era “Nikki”. Era; e finalmente eu consigo respirar e tentar compreender e sentir o que é a duração de um dois, três [...] seis anos e suas mudanças.

Eu poderia dizer que fui acometida por uma abstinência de sensações às quais já estava acostumada. Tudo isso parece bastante irrelevante hoje; especialmente hoje.  O mundo quebrou meu coração de 10 formas diferentes até o dia 31 de Dezembro.  Não dá pra explicar, mas eu já sabia que isso aconteceria; era garantido. Isso e as loucuras de dentro de mim e de todo mundo. Mas adivinha? O dia seguinte  - hoje, 1º de Janeiro! -  é o meu dia preferido de novo. Eu penso no que todos fizeram comigo e me sinto uma garota muito sortuda. Uma mulher, porque tudo isso me fez crescer.

Meu plano inicial para o começo do ano era banal de tão clichê. O clichê do "re"; relembrar,  reamar, reapaixonar, recomeçar, reconstruir, remarcar... E se não der certo - adivinha? -, "re"!  Por mais que eu visse sentido nisso à primeira vista, algo me fez (re)pensar sobre isso hoje. Por que eu relembraria as coisas? Por que me reapaixonar, se não deu certo antes? Por que recomeçar ou reconstruir sobre os escombros se eu deveria procurar um novo terreno para isso? Eu vivi de re's por anos e anos e visivelmente nada disso funcionou. A vida ensina, a gente aprende. No entanto, isso não quer dizer que não devamos, às vezes, desobedecer as leis que nós mesmos criamos.

Percebi então, que só preciso de uma palavrinha com "in" e que essa é bem mais condizente que o "re", se pensarmos em novos começos  - de ano, de vida, de amor, de mim - : inovar. Acho que assim eu deveria viver. Assim eu posso me inspirar. O caminho segue errante e irregular, mas dessa vez os passos são só meus. Sim, livre; e eu diria que liberdade demais sufoca, mas hoje mesmo me ensinaram que não é liberdade quando você não tem opção. Mas será que eu tenho?

No entanto, essa mesma liberdade acaba me amarrando a uma intensa e incessante necessidade de ter antigas sensações, gozar de prazeres que antes me eram rotineiros. Quando menos percebo, já estou novamente atando o nó do meu barco em um cais. É novo; não gosto.

Cansei de lutar contra mim mesma, pois já me cobrem o corpo feridas em diferentes fases de cicatrização. Aqui estou, pronta para me enganar e querer me aplicar com mais algumas doses cavalares de você. Me lembro agora como é viver sem essa morfina que eu batizei com o teu nome, há alguns anos atrás. Como eu vivia assim...?

A dor é ondulante, minha inspiração também; a fonte é a mesma.

- Sousa kanashimi wo yasashisa ni -