quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Sobre todas as coisas que me envelhecem


Celular piscou.

 Foi a terceira vez - ou décima - em menos de 10 minutos e isso finalmente começou a me irritar. Às vezes me pergunto onde está em mim aquela adolescente que pularia animada por mais uma notificação ou mensagem ou ligação recebida nesse aparelho nojento. Mas o problema não é o aparelho em si e sim as notificações. Em um android contendo Facebook, Whatsapp, Foursquare e Instagram, poderia vir tudo, mas o que realmente acaba vindo é uma mensagem da operadora me oferecendo algum promoção inviável. Descobri que existe uma nova forma de ter o coração partido e não curti isso. Esperar uma sms para alegrar seu dia e no lugar receber uma da operadora é semelhante ao fim do mundo. 

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Celular piscou. 
Eu, desastrada, fui olhar e consegui jogá-lo longe ao ponto de abrir e sair a bateria. 
Ok.

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O pior de tudo? Sou apegada!
Hoje no começo do dia não havia internet e nem sinal de celular aqui na cidade. À princípio não me importei pois ainda era cedo e não havia ninguém online/acordado que me interessasse. No passar das horas, comecei a ficar inquieta por estar já há muito tempo sem comunicação e imaginando que quando o sinal voltasse eu teria ali no celular alguma mensagem que me tirasse o fôlego e que ameaçasse mudar meu mundo - ou pelo menos que fosse algum amigo chamando para uma cerveja. 

O sinal voltou. Não havia mensagens. Não me importei.

Depois de algumas vezes revendo NANA, enfiei na minha cabeça que um aparelho tão pequeno pode sim influenciar a vida de duas pessoas. Com o tempo, percebi que a ausência ou excesso de interação via celular só pode ser totalmente determinante quando ambas as pessoas se prendem a algo tão banal assim. Continuo amando ser acordada com mensagens e ser lembrada durante o dia, mas não vou mais me apegar a isso. Quem realmente me quer, me tem.


Envelheci 10 anos ou mais nesse último mês. Analisei minha gasolina, descobri o que (não) me fazia feliz e no final das contas terminei como uma velha conhecida bem aqui no sofá dos meus pais ao som de André Matos na tv gigante da sala. O celular ficou todo esse tempo ali no chão, com a bateria jogada para o outro lado da sala e eu continuei aqui, apreciando minha música enquanto digitava. Talvez tenha engordado uns 10 kg mentalmente. Ou não. Embora eu morra de medo de mudanças, ainda quero descobrir se tudo isso vai valer à pena. Hello stranger!

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Liguei o celular. Não havia mensagens. Fingi que não me importei.