terça-feira, 19 de novembro de 2013

Sobre todas as minhas novas perspectivas.

Cada pessoa lida com os acontecimentos do seu jeito, mas mesmo que opostos, todos os nossos pensamentos e atitudes são como uma encomenda anônima que a gente faz pro destino. Antes mesmo dos dez anos, já aprendemos que as coisas não são tão simples assim. Não posso dizer que não gosto. Mas também não direi que tem sido simples. E o que é simples, aos vinte-e-tantos anos?

Certo dia olhei para os meus pés e vi que não havia mais âncoras presas aos meus tornozelos. Noutro dia eu estava em outro mar; logo eu, acostumada com a segurança da terra firme, percebi que ela não me atrai mais. A vida que eu imaginava sempre procurar é, justamente a de viver procurando. A vida de eternamente cavar fundo até encontrar, em peito alheio, um coração parecido com o meu. 

Nesses tempos confusos, eu poderia ser apenas um aeroporto.

Todos poderíamos. Que outro lugar, senão um aeroporto, condensa sob o mesmo teto a alegria do encontro e a tristeza da despedida? Vejo pedaços de mim por todos os lugares em que passei, em logradouros distantes e em cidades enormes recheadas de solidão. Recebo, também, de todo lugar, pedaços do mundo que, como ímãs, aplicam-se sobre a minha pele e lá ficam para a posteridade, exibidos por onde passo. Mas tem gente que tem medo de avião, e por medo da partida, há quem não deixe ninguém chegar. Entretanto, a gente só percebe o calor do abraço quando sente a dor de respirar o ar frio da solidão. 

Eu sou um aeroporto.

Chegadas e partidas são a única certeza na minha vida. Meus olhos estão virados ao futuro; focados na estrada que se prostra à minha frente e chorosos de um medo que me sufoca o peito. Tenho medo de nunca ser feliz. Encontro em mim, com igual facilidade, motivos para persistência ou para desistência. E continuar pra quê? Continuo com a força do que levo pra vida. O saldo positivo disso tudo é a quantidade de aviões que acolho em meus hangares. Pedaços de histórias que conto pra mim mesma todos os dias, enquanto ergo um tímido sorriso quase que instantâneo de realização.

E você, aeroporto em greve, tá esperando o quê, olhando pra cima?
(Avião não pousa em aeroporto fechado).


Eu preciso, você também. Todo mundo precisa de alguém.