quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Sobre todas as coisas que inflamam minha mente.

Eu já caí, de tanto olhar para o céu. O que me protegeu de espalhar a cabeça pelo meio fio da calçada foi o fato de eu sempre andar no meio da rua. E o meio - da rua, dos relacionamentos, da vida - é geralmente onde me perco. As pessoas que andam na minha direção por vezes não passam de barulhentas ou fantasmas que minha mente inimiga vive inventando para me pregar peças. Meu subconsciente conhece meus medos melhor que eu.

Eu já perdi o ar, de tanto respirar; de tanto pensar e tentar acompanhar minhas ínfimas sinapses. Sigo a maré da sinapses. Se a mente muda, eu mudo. Somente assim eu posso ser cem por cento sincera com aquela que mais estimo: eu. Egoísta? Pra caralho. Mas é normal que eu tente pensar em mim dessa forma sincera. A gente faz o nosso caminho, e é normal que ele seja estreito e sinuoso. Ninguém consegue andar em linha reta por muito tempo.

Eu já petrifiquei minhas pernas, de tanto me prender ao passado. Mas o passado é, de certa forma, insignificante. Sim, ele é o espelho de nossa história e conta muito sobre quem somos. Mas quem eu sou e quem eu ainda tenho perto de mim depende principalmente do que estou fazendo no presente. E o que estou fazendo mesmo? Nós temos o poder de mudar, e o que importa nesse momento é o futuro; uma página em branco. E há muito tempo eu não via página em branco força, redenção e amor. Assusta. Eu morro de  medo de chegar no futuro, mas ele sempre chega. 

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Alguém me faz parar de apertar o F5. Alguém nada, TU.

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Às vezes acho que me fizeram capaz de sentir demais. E emanar demais o que é sentido, inclusive quando não faz sentido. Isso assusta, afugenta, por chamar atenção demais. Meus pensamentos são como um farol que não consegue se esconder na praia deserta. Ele sempre estará lá, ao alcance dos seus olhos, te pedindo para naufragar em mim. Não há nada capaz de me apagar. Só me resta a dúvida de quando seus olhos se cansarão de toda essa minha luminosidade incômoda na sua cara.

Quase sempre eu penso que deveria parar de agir assim. 
E eu não paro. Me para.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Sobre todas as minhas novas perspectivas.

Cada pessoa lida com os acontecimentos do seu jeito, mas mesmo que opostos, todos os nossos pensamentos e atitudes são como uma encomenda anônima que a gente faz pro destino. Antes mesmo dos dez anos, já aprendemos que as coisas não são tão simples assim. Não posso dizer que não gosto. Mas também não direi que tem sido simples. E o que é simples, aos vinte-e-tantos anos?

Certo dia olhei para os meus pés e vi que não havia mais âncoras presas aos meus tornozelos. Noutro dia eu estava em outro mar; logo eu, acostumada com a segurança da terra firme, percebi que ela não me atrai mais. A vida que eu imaginava sempre procurar é, justamente a de viver procurando. A vida de eternamente cavar fundo até encontrar, em peito alheio, um coração parecido com o meu. 

Nesses tempos confusos, eu poderia ser apenas um aeroporto.

Todos poderíamos. Que outro lugar, senão um aeroporto, condensa sob o mesmo teto a alegria do encontro e a tristeza da despedida? Vejo pedaços de mim por todos os lugares em que passei, em logradouros distantes e em cidades enormes recheadas de solidão. Recebo, também, de todo lugar, pedaços do mundo que, como ímãs, aplicam-se sobre a minha pele e lá ficam para a posteridade, exibidos por onde passo. Mas tem gente que tem medo de avião, e por medo da partida, há quem não deixe ninguém chegar. Entretanto, a gente só percebe o calor do abraço quando sente a dor de respirar o ar frio da solidão. 

Eu sou um aeroporto.

Chegadas e partidas são a única certeza na minha vida. Meus olhos estão virados ao futuro; focados na estrada que se prostra à minha frente e chorosos de um medo que me sufoca o peito. Tenho medo de nunca ser feliz. Encontro em mim, com igual facilidade, motivos para persistência ou para desistência. E continuar pra quê? Continuo com a força do que levo pra vida. O saldo positivo disso tudo é a quantidade de aviões que acolho em meus hangares. Pedaços de histórias que conto pra mim mesma todos os dias, enquanto ergo um tímido sorriso quase que instantâneo de realização.

E você, aeroporto em greve, tá esperando o quê, olhando pra cima?
(Avião não pousa em aeroporto fechado).


Eu preciso, você também. Todo mundo precisa de alguém.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Sobre todas as coisas que me envelhecem


Celular piscou.

 Foi a terceira vez - ou décima - em menos de 10 minutos e isso finalmente começou a me irritar. Às vezes me pergunto onde está em mim aquela adolescente que pularia animada por mais uma notificação ou mensagem ou ligação recebida nesse aparelho nojento. Mas o problema não é o aparelho em si e sim as notificações. Em um android contendo Facebook, Whatsapp, Foursquare e Instagram, poderia vir tudo, mas o que realmente acaba vindo é uma mensagem da operadora me oferecendo algum promoção inviável. Descobri que existe uma nova forma de ter o coração partido e não curti isso. Esperar uma sms para alegrar seu dia e no lugar receber uma da operadora é semelhante ao fim do mundo. 

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Celular piscou. 
Eu, desastrada, fui olhar e consegui jogá-lo longe ao ponto de abrir e sair a bateria. 
Ok.

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O pior de tudo? Sou apegada!
Hoje no começo do dia não havia internet e nem sinal de celular aqui na cidade. À princípio não me importei pois ainda era cedo e não havia ninguém online/acordado que me interessasse. No passar das horas, comecei a ficar inquieta por estar já há muito tempo sem comunicação e imaginando que quando o sinal voltasse eu teria ali no celular alguma mensagem que me tirasse o fôlego e que ameaçasse mudar meu mundo - ou pelo menos que fosse algum amigo chamando para uma cerveja. 

O sinal voltou. Não havia mensagens. Não me importei.

Depois de algumas vezes revendo NANA, enfiei na minha cabeça que um aparelho tão pequeno pode sim influenciar a vida de duas pessoas. Com o tempo, percebi que a ausência ou excesso de interação via celular só pode ser totalmente determinante quando ambas as pessoas se prendem a algo tão banal assim. Continuo amando ser acordada com mensagens e ser lembrada durante o dia, mas não vou mais me apegar a isso. Quem realmente me quer, me tem.


Envelheci 10 anos ou mais nesse último mês. Analisei minha gasolina, descobri o que (não) me fazia feliz e no final das contas terminei como uma velha conhecida bem aqui no sofá dos meus pais ao som de André Matos na tv gigante da sala. O celular ficou todo esse tempo ali no chão, com a bateria jogada para o outro lado da sala e eu continuei aqui, apreciando minha música enquanto digitava. Talvez tenha engordado uns 10 kg mentalmente. Ou não. Embora eu morra de medo de mudanças, ainda quero descobrir se tudo isso vai valer à pena. Hello stranger!

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Liguei o celular. Não havia mensagens. Fingi que não me importei.



sábado, 28 de setembro de 2013

Sobre o combustível do meu coração.

Os opostos se distraem; 
os dispostos se atraem
(...)

Quisera eu uma epifania, porém foi de forma demasiado reflexiva que comecei   a aprender um pouco sobre a gasolina necessária para dar asas ao meu "homem-bomba-não-suicida", cujo qual outrora encheu-me a cabeça de caraminholas fazendo com que eu duvidasse da fé que eu própria depositava no meu eu distorcido. Esse tal camarada distorcido - bem diferente do lírico -, nunca sequer parou para compreender que mais importante que o caminho que deve-se seguir é o que (ou quem) te impulsionará a seguir tal escolha.

Minha gasolina sempre foi a mesma, embora eu sempre esquecesse de focá-la diante as mais difíceis escolhas da minha vida. Sou como na história da garota naquele filme cujo plano seria se apaixonar, casar e ter um bebê, porém com o bebê vindo antes de tudo isso e então virando sua cabeça ao contrário. Obviamente não estou grávida - o que pode ser confirmado com veemência diante da minha inspiração vinculada à TPM -, mas ainda posso utilizar esse exemplo em minha cabeça. As prioridades que eu digo que possuo não estão realmente tão priorizadas assim no meu cotidiano. Está tudo muito errado.

A primeira coisa que eu sempre pensei quando me encontro diante uma bifurcação, é para que lado ir e não como vou chegar lá. Parece errado falar isso assim, em "voz alta". Eu sempre ouvi a expressão "gasolina do ser humano" mas nunca parei para pensar qual seria o meu tipo de gasolina até hoje. Tirando o oxigênico e todas as minhas necessidades fisiológicas, o que me me impulsiona é o amor. Parece piegas e deveras desnecessário que eu escreva sobre algo tão clichê. Mas o que escreverei, se não sobre aquilo que mais incompreendo?

O problema com essa gasolina - esse tão extimado amor -, é que quanto mais eu necessito dela, mais ela depende de mim para dar o ar completo de sua graça. Não posso culpá-la por não  possuir uma existência auto-sustentável quando eu mesma não possuo; até mesmo minha gasolina parecisa de seu próprio combustível para existir. Curiosisamente, o combustível do meu combustível sou eu própria.  Logo eu, tão imperfeita e quebrada, preciso aprender a cuidar das coisas a minha volta. Logo eu, que nunca soube cuidar nem mesmo de mim mesma. Logo eu, que não possuo habilitação para me dirigir.

E é aqui que me encontro: nada vangloridada com minha ~ descoberta ~, porém um tanto quanto orgulhosa das perspectivas que pude encarar tão dolorosamente hoje. Chega a hora de ser maior que as mulharas; a hora de ser mais disposta que oposta e a hora de começar a produzir a gasolina da minha gasolina e não somente pedir ajuda e choramingar dizendo que não vivo sem ela.
Não preciso de uma bifurcação, preciso dela. Então dependa de mim, gasolina. Dependa de mim o quanto eu dependo de você e nada mais importará a não ser nós, mesmo que você não acredite em mim. Nós: não mais sozinhos; juntos. 

(...) Enquanto houver você do outro lado, aqui do outro eu consigo me orientar. 

sábado, 18 de maio de 2013

Sobre todas as coisas das quais me arrependo.

"Falhei quando tentei dançar a dois
A dança estranha dos meus dias"



Nada mais é que uma tamanha hipocrisia quando digo somente me arrependo daquilo que não fiz. Afinal de contas, escolhas são escolhas; e minhas! Como poderia executá-las e em seguida dizer que me arrependi da opção deixada para trás mas não dá escolhida? Tantos paradoxos, que se tento expressá-los em palavras tudo isso me infesta de forma corrosiva e eu vou me esvaindo e esvaindo e esvaindo nessa doença dos tempos.

Fui pega meio à uma crise de consciência na qual praticamente percebi que me arrependo de (quase) tudo que fiz, pois diante tais escolhas deixei para trás as mais corretas, fazendo-me arrepender também das que não fiz. Eu não queria lembrar... Não queria lembrar do quão egoísta me tornei e como achei que esse comportamento era algo normal de se adotar. Não queria lembrar do quão auto-destrutiva me tornei e como me esqueci que todo homem-bomba que se preze, acaba não só com sua própria vida, mas também com todos os que estão em sua volta no avião. Porém antes um homem-bomba que somente uma egoísta, pois pelo menos eles acreditam em algo maior e morrem por isso. E eu, morro e mato diariamente pelo quê mesmo?

Por algum instante desse vôo suicida, eu provavelmente vi justificativas para tamanha explosão, porém no agora nenhuma justificativa poderia ser tão viável diante de tanta explosão sem significado. Nada disso faz sentido! E é quando o plano de vôo mostra-se desprovido de significado, o manobrar do manche não traz resultados e o grito de socorro no rádio não encontra destinatário. SOS, temos um homem-bomba querendo salvar o avião ao invés de explodí-lo!!!

E chegamos ao eterno agora, o momento da redenção: eu, astronave desconhecida, sem combustível, destino, nem coordenadas para voltar, pedindo permissão para pouso. Talvez não haja como reparar todos esses danos que causei. Talvez não haja como me reparar... 

sábado, 27 de abril de 2013

Sobre toda solidão acompanhada.

Sinto medo de seguir adiante; medo de andar sem olhar para trás e unicamente dependente de um "seja o que Deus quiser" de mãos atadas e coração em pedaços. Embora em pedaços ele já esteja e eu ainda hoje consiga caminhar levando comigo esse fardo que me tira o fôlego, o sorriso, a esperança e parte da vida. O quão masoquista alguém deve ser para querer continuar assim, ferida, mantendo um sentimento em suas mãos? O masoquismo é um luxo e eu me considero luxuosa em demasia! Tenho essas esperanças vagas que tudo um dia vai melhorar - nesse caso, minha ideia de melhora se relaciona diretamente com "voltar a ser como antes", porém melhor. Nunca estive pronta para abrir mão daquilo que me faz feliz, ainda que me machuque, porque é capaz de me causar dor, também é a única coisa capaz de me causar o bem. Eu tenho fé; eu tenho tanto amor que isso sustenta a minha fé. Em minha cabeça conturbada eu guardo esses pensamentos e vontades loucas de ter para mim e guardar em mim, cuidando e mimando. Há muito imaginei que fossem do tipo platônico, mas a partir do momento que me fez acreditar que essa denominação era errônea, eu realmente parei de pensar dessa forma. Antes fosse, aliás... Amores não correspondidos são eternamente mais fáceis de lidar que amores correspondidos que parecem se desgastar com o tempo. A dor da perda é maior que a dor de sequer alcançar algo e então sequer ter a possibilidade de perdê-lo. Mas quem falou em perder? Sempre prometi a mim mesma que jamais desistiria a não ser que algo assim me fosse pedido. Até então, -felizmente! - nada semelhante chegou até mim e por isso todas essas dores e alegrias continuam a ser bem recebidas por meu coração desgastado onde somente há lugar para uma pessoa: você. Sim, sempre você, o que não acredita em mim. Entre medos infantis e patológicos, quem diria que meu maior medo fosse um dia receber um "não" definitivo e assim ser obrigada a abandonar tudo o que mais prezo nesta vida. Soa tão melodramático que sinto a melodia em toda e cada palavra usada para definir essa situação turbulenta. Isso, a situação, pois meus sentimentos são afáveis. Meu maior desejo no hoje é respirar. Não respirar sozinha e egoísta, mas sim acompanhada, dividindo os mesmos suspiros e soluços. É realmente querer demais compartilhar essa solidão acompanhada? Continuarei pedindo, mesmo que demais, que estejamos sempre juntos; ainda que sozinhos.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Sobre todos os meus devaneios

A agonia não ajuda, ao contrário. Ela se envolve com a saudade e a nostalgia das melhores e piores lembranças que tenho e me sufoca aos poucos, como se deliciasse toda a dor que isso me causa. Meu coração está vazio, sem mobília. Mas tudo que eu preciso agora é de espaço pra te construir dentro do meu peito, com as poucas peças que tenho em mãos. Mãos somente minhas, sem ajuda...  tão longe das suas, que há pouco estavam aqui em uma distância que podia ser medida em palmos. Em meu colchão, marcas de um corpo que viajou o universo procurando sentir aquilo. E eu senti tudo aqui, quieta. Fechava os olhos sempre que sentia os meus pensamentos tentando saltar através das órbitas. Tive medo de vê-los derramados pelos lençóis, de vê-lo olhando atônito para aquilo tudo, como se não fosse capaz de ouvir os meus olhos gritando.

Os minutos que a gente tem juntos viram dias e semanas em câmera lenta, dentro da minha cabeça, toda vez que meus passos de estendem a lugares não necessariamente tão distantes. Respirar fundo já causa uma tempestade em meus neurônios. E nada disso cessa, pausa ou sequer me autoriza ter um bom dia, pois não existem dias bons com longe de você. Não existe o adjetivo "bom" em qualquer frase que não comece ou termine com você. Sempre você, que não consegue acreditar em mim.

Tenho medo do que vem a seguir; os choros, as risadas ou (mais) silêncios ensurdecedores. Meu único guia é o passado - que só é passado de verdade para quem quer -. O meu está gravado de forma permanente em meu coração, me permite amá-lo por toda a certeza que me transmite. O que passa são as trivialidades, coisa que não somos. Você passou pelo meu passado e me transformou. E então o meu passado se tornou presente e também o meu futuro.

...
Um mês é o tempo que levei pra escrever de novo. O tempo que minha mente demorou pra mudar o curso da minha alma. Pra onde ela aponta agora? Pra bem longe; bem longe de longe de você.
Tive sentimentos imensuráveis e mesmo você não parecendo querer saber, cá estou eu, escrevendo um pouco demais.

Não me importo...


domingo, 10 de fevereiro de 2013

Sobre a toda a (muda)dança.


Não sei porquê eu não paro de falar quando não sei o que fala; palavras não tem sentido e eu não tenho abrigo. Mas se eu paro pra pensar porque não paro pra pensar, você não faz sentido; não me tem como abrigo...”

Sofás são sacanas; por vezes te acomodam e por vezes fazem você se sentir completamente avulsa. Meu sofá essa semana me traiu um pouco fazendo eu refletir sobre coisas as quais eu não gostaria de ainda pensar. O dito cujo me fez lembrar o quanto eu sou diferente e alheia a praticamente tudo que venho idealizando na minha vida. Meu sofá (o de verdade) deve estar rindo da minha cara nesse momento “epifânico”. Acho que se pudesse, ele diria com prepotência: "Eu avisei, agora volte para mim".

Assim como Lucas, eu todos os dias eu nasço, cresço, adoeço e morro um pouco mais dessa vida; a Doença dos Dias. Curioso como há muito eu havia perdido (ou fechado os olhos) para essa perspectiva reclusa e auto-isolante. Não sei se isso é ruim, mas dizem que podemos enganar até mesmo a pessoa mais cética do mundo, mas não podemos enganar a nós mesmos. Pergunto-me se venho me enganando durante todos esses anos, mas se a resposta fosse sim, certamente meu “eu interior” não me diria isso a fim de mais uma vez me enganar. Complexo, porém eu consigo entender.
Eu não sei lidar! Mas quem liga?

Lida... *

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Sobre todas as coisas que eu...

Durante algumas vezes acredito que essa necessidade de atenção seja patológica. Sabe? É muito mais fácil definir algo como "doença" que simplesmente admitir culpa por algum defeito nosso. Sendo assim, sou patologicamente carente: sinto necessidade de bom dia/boa tarde/boa noite, como dormiu?/como está?/como foi o seu dia?. Por menos que eu goste de interação humana, sinto falta de ser parte importante do dia de alguém, já que programo muito bem todos os meus dias. Pensei muito sobre isso durante minha longa e costumeira jornada pelo asfalto hoje.

Eu já pensava dessa forma lá perto dos meus 13 ou 14 anos. A idade era pouca, mas já era eu sendo eu mesma, a lunática-mirim que sonhava em ser bióloga-veterinária e calculava em meus diários toda a trajetória até a linha de chegada. Hoje, no auge dos meus 22, a história ainda continua a mesma. Isso encrustou na minha cabeça, de uma maneira que me fez relacionar essa triste novidade com tudo que a vida colocava no meu caminho. Eu achava que não, mas acredito que um dia tudo isso há de mudar. 

Sonhos são lindos, mas expectativas irreais são peso morto que não deixam os sonhos saírem do travesseiro para seguir em frente. Elas estão ali, mas o coração e alma fogem.



quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Sobre todas as coisas novas.

Aos poucos vou me acostumando com essa rotina nada rotineira, onde cada novo dia é realmente novo e empolgante e até mesmo irritante. É irritante estar sempre com as mesmas pessoas dentro de uma casa e também é irritante ver as mesmas pessoas no ambiente de trabalho. Irritante porque não quero me apegar; não preciso de mais despedidas nessa minha vida mais que livre. Lucas, o Paraíba, sempre me definiu muito bem quando cantou "o asfalto é minha casa, mas não dá pra chamar de lar". No fundo eu gosto.

O trabalho vezes maçante, vezes empolgante tem altos e baixos tão bem delineados que servem de incentivo e ansiedade por um novo dia. Isso sempre trás aquele gostinho de "quero mais!" e a força de vontade de viver mais um dia longe das pessoas que amo. Tudo isso me dá vontade e me incentiva a estudar mais, me empenhar mais e mudar mais. Tudo isso me fez escrever novamente...

O meu sofá está longe e o sofá daqui está longe de ser capaz de sequer substituir o meu sofá, mas não tenho achado tudo isso tão absurdo e difícil como achei nos primeiros dias. Querendo ou não, fiz amizades, criei gostos e fantasiei na minha cabeça juvenil (ainda que as costa doam) morar por aqui em algum dia. Quem sabe...? Eu sei. Ou pelo menos acho que sei dos meus planos.
E de repente eu comecei a me sentir capaz, inteligente... e percebi que eu posso lidar com isso, ministrar isso e trabalhar com isso da melhor forma possível nesses três meses de BBB sem câmeras em que me meti.
Gosto do acordar cedo todos os dias e sentir a maresia me estapear a face durante todo o percurso. Gosto de ver o mar, as ondas e saber que passar cerca de  6 horas por dia em um barco não é capaz de me enjoar, enojar, cansar nem nada semelhante. Às vezes penso que nasci pra isso. Às vezes penso que nasci com sérios probleminhas, porque não consigo dizer os prós sem pensar nos contras.
Sinto falta da rotina de horas contadas e reservadas, da dependência de lotação para chegar aos lugares. Sinto falta de filas, correria, de população. Alguém esqueceu de me avisar que biólogo tem que ser 90% "bicho do mato" para se acostumar com essas situações de extremo isolamento social. Muito irônico, vindo de quem gosta mais de bicho que gente. Como posso sentir falta até das coisas que não gosto..!?

Meu sofá poderia ser portátil. Não que ele não seja, mas bem que eu gostaria de levá-lo de um lado para o outro comigo. Não que eu esteja falando realmente de um móvel, mas você entendeu. Acho!
Sinto falta dessas longas conversas, mas acredito que distância faz bem. Saudade faz bem; crescer também.

E você já sabe: em qualquer km do meu asfalto, estou pensando em você.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sobre toda essa mudança.

Então de repente o meu sofá ficou para trás e eu embarquei nessa aventura sem medo, sem tristeza e, principalmente, sem olhar para trás. Eu fui corajosa, embora me faltasse um pouco de ânimo... um pouco de fé, necessariamente falando. Para essa aventura louca, tudo que trouxe comigo foi um sorriso nos lábios e um sonho nas mãos. Talvez apenas nisso eu tenha fé, no final das contas.

A viagem foi calma - admito, dormi em grande parte dela -, e então finalmente eu cheguei aqui em Itacuruçá: o 3° distrito de Mangaratiba - RJ. A cidade me assustou! É pequena e um tanto quanto antiquada. Tudo aqui é muito simples e a maioria da população são pescadores (e nessa época do ano, turistas que vêm descansar no verão). Mas, ainda sim, uma coisa no meio dessa simplicidade toda me cativou e foi o que me deu alguma esperança para esse verão: a natureza! A cidade é simplesmente cercada de natureza! Às "costas" é uma serra e é recheada de Mata Atlântica! À frente, tem nada menos que um mar que é repleto de pequenas ilhas e praias. A praia da cidade em si não é boa para nadar, mas por um pequeno preço, você pega uma lancha e já está na ilha do lado onde a praia é boa para isso.

E o ar! O ar é estranho! Estranho no bom sentido, porque ao mesmo tempo que tem aquele gostinho de maresia, te deixa com o nariz meio esquisito pela umidade constante proveniente da mata. Eu não consigo ver sentido nisso, e é bem diferente de tudo que já experimentei. Diferente em todos os sentidos, principalmente por estar em um alojamento com outras pessoas.

O alojamento também me assustou à primeira vista pelo seu tamanho e pelo número de pessoas nele. É uma casinha com um quintal que fica bem ao lado da sede (museu + escritório) onde trabalharei nos dias em que não for a campo. A casa tem dois quartos (um com duas beliches e um com duas camas), uma espécie de salinha no segundo andar com uma mesa, sofá e uma televisão que não funciona. Junte isso às pessoas que tem aqui...
No início não me assustei com elas exatamente; são até simpáticas e me dei bem com elas, mesmo elas sendo meninas oO' ...

A parte mais chata foi despedir da minha mãe. Ela ficou na cidade até umas 14h, almoçamos um peixe e na beira da praia e passeamos de lancha pelas ilhas próximas. Ela diz que volta quando der para irmos à praia num final de semana, mas mesmo assim acho que sentirei falta desse acesso "fácil" que eu tinha até Além Paraíba sempre que quisesse colo (...)


No final do dia saímos para comer num restaurante do hotel aqui perto e no final das contas, era uma festa "Flashback", onde só tocou músicas boas de Grease a Queen. Foi bom, pois ajudou um pouco na timidez e facilitou a aproximação com as meninas...

Foi um dia cansativo, em todos os sentidos, então eu desmaiei fácil. 
Sinto sua falta comigo nesses momentos difíceis, mas eu sei que você está sempre aqui, pois levo você sempre comigo no coração.